9 de ago. de 2011

A estrutura da narrativa dramática

A matéria dramático-narrativa mostra uma história, a partir de um ângulo de visão ou foco e vai encadeando as seqüências de uma fabulação, cuja ação é vivida pelos personagens e está situada em determinado espaço, de um determinado tempo e se comunica através do discurso associado a muitas outras narrativas, pretendendo que seja vista e compreendida pelos seus espectadores - e/ou leitores - quando se fala de literatura dramática.
Estudando esta narrativa, Aristóteles apresenta em sua Poética a Lei das Três Unidades, que dominou todo o período do classicismo francês: unidades de tempo, lugar e ação. No entanto as unidades de tempo e lugar, com o passar do tempo, foram postas de lado, restando apenas a UNIDADE DA AÇÃO DRAMÁTICA.

Unidade – o todo do texto dramatúrgico deve formar um só corpo orgânico, com princípio, meio e fim, onde o final esteja atrelado ao meio e o meio ao início, a partir de uma ação dramática.

Ação dramática – é que provém da execução de uma vontade, com a determinação de cumprir essa intenção.

Teatro, pois, é ação, ação dramática; ação dramática é conflito – em geral uma vontade consciente caminhando determinantemente em direção a seus objetivos.
No teatro dramático, estes são os elementos norteadores da narrativa teatral: Introdução-desenvolvimento-clímax-solução.
O conflito é o cerne de todo texto teatral. Assim a primeira exigência que temos que fazer de um texto teatral é que ele tenha conflitos e que estes conflitos possam ser identificados, que se possa determinar o conflito central, primordial, que vai nos dar a linha mestra do texto.
Num texto dramático, pode haver conflitos variados de toda espécie, mas subordinados a um conflito central.
Cada cena também traz um conflito que nasce, se instala, cresce, aumenta e se resolve. As forças em oposição, as vontades contraditórias, as energias opostas não permanecerão sempre iguais, o conflito crescerá, se intensificará, aumentará, até que atinja seu clímax e um novo momento onde percebemos uma modificação em seus protagonistas e na própria situação inicial proposta.
Portanto, tudo está ligado a tudo e tudo se move num conjunto como o das grandes constelações. Tudo depende de tudo e nada tem sentido tomado isoladamente. Por conseguinte, se aplicarmos esta afirmativa ao drama, tudo numa peça de teatro deve estar inter-relacionado. A peça deve ser um conjunto onde todas as coisas dependem umas das outras.


Um galo sozinho não tece uma manhã,
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito e o lance a outro;
E de outros galos que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

João Cabral de Melo Neto