22 de set. de 2010

REPLICA_proposta_de_trilha

Mano a mano
Tango 1923
Música: Carlos Gardel / José Razzano
Letra: Celedonio Flores

Rechiflado en mi tristeza, te evoco y veo que has sido
en mi pobre vida paria sólo una buena mujer.
Tu presencia de bacana puso calor en mi nido,
fuiste buena, consecuente, y yo sé que me has querido
como no quisiste a nadie, como no podrás querer.

Se dio el juego de remanye cuando vos,
pobre percanta, gambeteabas la pobreza en la casa de pensión.
Hoy sos toda una bacana, la vida te ríe y canta,
Ios morlacos del otario los jugás a la marchanta
como juega el gato maula con el mísero ratón.

Hoy tenés el mate lleno de infelices ilusiones,
te engrupieron los otarios, las amigas y el gavión;
la milonga, entre magnates, con sus locas tentaciones,
donde triunfan y claudican milongueras pretensiones,
se te ha entrado muy adentro en tu pobre corazón.

Nada debo agradecerte, mano a mano hemos quedado;
no me importa lo que has hecho, lo que hacés ni lo que harás...
Los favores recibidos creo habértelos pagado
y, si alguna deuda chica sin querer se me ha olvidado,
en la cuenta del otario que tenés se la cargás.

Mientras tanto, que tus triunfos, pobres triunfos pasajeros,
sean una larga fila de riquezas y placer;
que el bacán que te acamala tenga pesos duraderos,
que te abrás de las paradas con cafishos milongueros
y que digan los muchachos: Es una buena mujer.
Y mañana, cuando seas descolado mueble viejo
y no tengas esperanzas en tu pobre corazón,
si precisás una ayuda, si te hace falta un consejo,
acordate de este amigo que ha de jugarse el pellejo
pa'ayudarte en lo que pueda cuando llegue la ocasión.


De mãos dadas
livre  tradução por Paulo Wovst
Blumenau/SC

Totalmente na fossa, percebo que você tem sido
na minha desprezível vida apenas uma boa mulher.
Sua presença sofisticada aqueceu meu ninho,
Foi boa, fiel
, e sei que você me amou
como nunca amaste ninguém e jamais amará.

Deu-se a mudança quando você,
Jovem humilde driblava a pobreza na pensão.
Agora você é toda bacana, a vida sorri e canta pra ti,
E o dinheiro do tonto que te sustenta, distribui entre rapazes

como o faz o gato malandro com o rato miserável.

Hoje tens a cabeça cheia de infelizes ilusões,
te enganaram os otários, as amigas e o galanteador;
Baila
entre magnatas, com suas loucas tentações,
onde se apodera de ti aspirações de luxo e riqueza
que penetraram profundamente em teu pobre coração.

Nada devo agradecer-te, de mãos dadas caímos;
Eu não ligo para o que você fez, o que você faz ou o que você fará...
Os favores recebidos creio haver-los pago
e, se minha pequena, sem querer alguma dívida eu tenha esquecido,
põe na conta do teu otário
.


Enquanto isso seus triunfos, pobres triunfos passageiros
são uma longa linha de riqueza e de prazer;

que o endinheirado que sede aos teus caprichos pode bancar,
acabarás
nas esquinas em busca de clientes com cafetões aproveitadores

e dirão os rapazes: É uma boa mulher.
E amanhã, quando você for móvil velho e rejeitado
e não tenha nenhuma esperança no seu pobre coração
Se você precisar de alguma ajuda, se precisar de aconselhamento,
lembre-se deste
amigo que arriscará a sua pele

para ajudar-te no que for possível
quando chegar a hora.
 
.
.

Palavras do Sul

De: Wallace Puosso
Assunto: Ajuda
Para: Paulo Wovst
Data: Segunda-feira, 13 de Setembro de 2010, 2:09

Mano Velho,
Como andam as coisas por aí?
Resolvi montar aquele velho projeto de 2007 (que até cheguei a mandar a você para análise naquela ocasião) e vou usar uma música do Carlos Gardel para uma cena de casal.
Você consegue traduzir a letra pra mim?
Desde já, agradeço!

Abração, Wallace Puosso



De: Paulo Wovst 
Assunto: TRADUÇÃO MANO A MANO
Para: Wallace Puosso
Data: Sábado, 18 de Setembro de 2010, 10:48

Meu velho e bom amigo, é com grande satisfação que te envio a tradução do tango mano a mano... um exercício, uma viagem à boemia portenha no início do século, a lendas sobre
Gardel e Caledonio, letrista do tango, poeta etílico, crivo meu... O tango registra-se oficialmente em 1923, mas o poema consta foi escrito em 1918...

Enfim foi um prazer indescritível fazê-lo.
Cabe dizer que a gramática do nosso português tira a força do espanhol, quem dirá do "portenho", portanto mergulhei na canção, com inúmeras audições, não só de Gardel, mas uma versão moderna de Andrés Calamaro...

O resultado está em anexo, a emoção que senti, não posso traduzir, mas fui fiel a mim no poema.

Grande abraço deste teu amigo de sempre,
Paulo. 
.
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21 de set. de 2010

TRAVELLING_primeiras_experiências

ENCONTRO #1





ENCONTRO #2




ENCONTRO #3





ENCONTRO #4






WP.

9 de set. de 2010

Verdades Incômodas (ou a distância é outro caminho a ser percorrido)




Qual a distância entre dois caminhos?

Hoje à noite corremos pela cidade espalhando boas novas
Pelos becos, vielas, ruas emergem vozes que não dizem nada
porque os olhos já não sentem nada
e o coração mal serve pra bombear o sangue
pelo corpo cansado (de guerra)

à distância
observamos o mundo com nossos ritos e mitos
preparando uma invasão-silencio
como furacão em plena primavera

Cultivar flores, afagos e carinhos
é disso que o mundo precisa
o mundo que existe dentro de nós
ao diminuir distâncias, encurtamos passos e opções

Como bem disse Mr. Ziemermman, as respostas foram "levadas pelo vento"
e nós, com as ações, dramas e atos cômicos
construímos barcos, içamos velas, encurtamos distâncias

O que nos separa entre um ponto e outro
é o que também nos une.

WP


PRÓLOGO (antes do poema)

É preciso entender como algumas idéias surgem. Quando se trata de pesquisa de grupo, o “estalo”, o fio condutor que desvela todo o novelo da criação, às vezes, se dá por vias intuitivas. Vamos tateando no escuro até que a primeira chama seja acesa. E outra e mais outra e assim continuamente.
No caso de nossa pesquisa atual, o estalo tem se repetido com regularidade. Trata-se do nosso primeiro trabalho, o espetáculo “A Distância entre 2 Caminhos” (2007), que está sempre presente em nossa busca enquanto grupo. Questões como o término repentino do trabalho, as pessoas que se foram e as que ficaram, pensamentos defendidos por uns, idéias confusas que acabaram não tomando forma. Em nossas conversas informais vira e mexe voltamos às mesmas questões.

WP , há um ano atrás
.

3 de set. de 2010

Argumento para cena "Travelling", sobre texto Contagem Regressiva / Apto. 501




Palestras, livros, filmes... Uma imersão em São Francisco Xavier. Aos poucos, um desenho corporal se monta.

O processo criativo começou por idéias acumulada e cultivadas através de filmes e livros interessantes e peças teatrais contagiantes. Com o devido apoio de WP, foi-me encaminhado um curso de performance com a Silvana Abreu em SFX. Juntei minhas economias e embarquei nesse vôo sem volta. Desejo do corpo, sentimentos, movimentos. Descobri (e continuo descobrindo) coisas sobre a atriz-Sra. 501.

Após a imersão, o processo continuou. A palavra já não é fundamental, mas sim a comunicação através do corpo do ator. Com essas idéias rascunhadas, debatidas, acertadas entre eu - a atriz - e o diretor, foi escolhido um conto da Sra. M.(Contagem Regressiva / Apto. 501), com a dança e os movimentos do corpo, criei uma partitura corporal, sob as orientações de WP, em partes com 20 movimentos cada.

Ainda é necessário ensaio e aprimoramento. Porém, são gratificantes os momentos de acerto e impulsionadores são os momentos de equívoco. Ontem, dia 02 de setembro, houve um encontro com profissionais que participarão do processo de criação. Alguns apontamentos foram feitos com relação ao tempo da cena, aos movimentos e as características expressionistas da cena (a falta delas). Também foram passadas sugestões de filmes (Metrópolis, Europa, de Lars Von Trier e os filmes do ciclo expressionista alemão).

Acredito que esse trabalho ainda tenha muito a evoluir.

E para fechar o dia de ontem, assistimos ao espetáculo do Paulo José e da Ana Kutner: “Um navio no espaço ou Ana Cristina César”. Trabalho que está (bem) próximo de nossa pesquisa.

Sra. 501

2 de set. de 2010

Interlúdio ou Ana Cristina César (ou como tive certeza de algumas coisas)



Aí acontece de você assistir a um espetáculo esperando uma coisa e outra ocorre. Surpresa boa. No "Um Navio no Espaço" havia (ótima) poesia da poetisa A. C. César e no palco, Paulo José e a surpreendente Ana Kutner (filha dele com Dina Sfat).
Horas antes, à tardezinha, havia me reunido com T.L., F.M, e mais outros dois colegas no CAC Walmor Chagas e, após mostrar o rascunho da cena "Travelling", expus minhas pretenções de levar um "estúdio de cinema" (literalmente) para o palco. Com projeções de animação e documentário ficcional, contracena entre projeção e atores e sombras. E não é que tinha tudo isso no "Um Navio no Espaço"?
Quando estrearmos nosso work in progress, podem até dizer que copiei a direção do  Paulo José. Não vou copiar, com certeza, mas que tive várias boas idéias durante a apresentação, isso tive!
Estou com a alma lavada por saber - a cada dia - que estou no caminho certo. Ter dúvidas é seguir em frente. Sempre.
Ao final do espetáculo, uma conversa rápida com meu mestre Alexandre Mate. Tecnologia e atuação caminhando juntas, como outra forma de narrativa. Ele gostou do que viu. Eu também.
Às vezes acontece de você estar no lugar certo, na hora certa.

WP.

Fotografo por trás dos vidros
da minha janela
o mundo lá fora
vazio, distante
Quando revelo as fotos,
Vejo o meu reflexo em todas elas

Ana Cristina César